A verdade na guerra de comunicação

Há um velho ditado de que na guerra a verdade é a primeira que morre. Ainda que possa conter uma boa análise, no fundo é no momento das disputas que os lados se acirram, definindo posições políticas, cuja verdade serve como arma contra o oponente determinado.

Mesmo o silêncio é uma posição política em favor de um ou outro lado, na condição de se esconder de um ataque rápido. Os meios de comunicação, que na incapacidade de praticar a objetividade pura – o que parece lógico, observando a comunicação ser uma dádiva humana -, neste instante de defesa de interesse efetivamente, prevalece a subjetividade, as mensagens controladas, de modo que a objetividade se apresenta minimamente, para os detalhes reais de um conflito.

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Joe Biden, em momento de diálogo, cujos personagens dão sequência a tempos de hostilidades na chamada Guerra Fria, com disputas por modelo ideológico e político. Na atualidade segue o roteiro, com o desejo de ambos pela expansão de poder, dos EUA pelo domínio dos países da ex-URSS e manutenção de poder regional e global dos russos – imagem Brendan Smialowski / AFP)

Os dados mais elementares são ordenados em conformidade com posições ideológicas, de maneira a prevalecer o lado do poder escolhido pelos inimigos.

A comunicação midiática na sua origem tem como objetivo interesses econômicos, que se soma ao capitalismo e ganha expansão, tornando-se ponta de lança de conquistas de outros mundos, com origem em países de culturas milenares e vencedores nas guerras, resultando em conquistas de outras nações mais fracas – com armas e comunicação de mídias.

No processo histórico, desde a impressão da Bíblia, a comunicação ganha importância na transformação da sociedade na direção de um processo de massificação. Depois a mudança cultural e a ampliação dos mercados e domínios de nações no caminho de uma sociedade globalizada, com política dirigida por um centro político.

Os meios de comunicação também foram colonizadores e não seria sem motivo que uma das primeiras medidas da família portuguesa no Brasil foi a fundação da prensa, com criação de biblioteca real e o controle das publicações de livros, o que já vinha ocorrendo desde o processo de colonização. A rigor, a comercialização se fez proibida no início da colonização, com bons motivos. Não perder o controle da política social interna e externa.

Guerra de informação

O jornalismo passa por controles na política europeia, território da primeira prensa, quando se reduz os textos manuscritos, com leitura limitada a alguns grupos, com expansão da comunicação na manutenção do poder político.

Como resultado a percepção do velho mundo como formadores de conhecimento e ilustres territórios de guerra, quando países de em torno de sua órbita passam a ser imperadores, como é o caso do Inglês. Posteriormente, o bastão é deslocado para os Estados Unidos da América, levando sua cultura e tradições do velho mundo conquistador de outros territórios.

Portanto, o domínio do mundo diz respeito à capacidade de lidar com a informação, por isso, numa guerra será sempre o primeiro alvo a ser atacado ou expandido em conformidade com a verdade ali apresentada.

Fazendo um corte para os dias atuais, na guerra entre Estados Unidos e Rússia, em torno da expansão de poder global, tendo a Ucrânia como motivo para mostrar poder, o jornalismo avoluma, como seria de esperar, com informações que definem um lado – e como se observa exageradamente -, com suas armas, o poder simbólico.

Neste contexto, os números servem para a verdade demonstrada em conformidade com propostas editoriais, aquelas que a empresa de comunicação entende como sendo o lado mais rentável, com atenção na audiência, como alvo, que não pode se dispersar, mas deve manter-se sob controle das palavras e imagens. Para tanto há estratégias.

Desta maneira, na guerra de informações, será tempo sempre das análises atenciosas para a liberdade de conhecimento na definição de opinião própria, que neste contexto nem sempre está do lado a maioria.

Jornalismo mais perto da escola

Folha de S. Paulo

Ficção e jornalismo se influenciaram ao longo da obra de García Márquez

 

A atuação jornalística de Gabriel García Márquez influenciou tanto a sua ficção, e vice-versa, que o colombiano gerou um paradoxo: “Os editores do jornal se queixam de que meu estilo é muito literário, e os críticos literários reclamam que meu estilo é muito jornalístico”.

A citação é feita pelo tradutor e ensaísta Léo Schlafman no prefácio de “Reportagens Políticas” (Record), um dos cinco volumes que que reúnem sua produção jornalística dos anos 1940 aos 1980 —a maioria é composta de crônicas, reportagens, artigos e entrevistas.

Trocou o curso de direito pelo jornalismo em 1950. Em sua carreira se destacam as reportagens investigativas, personagens que remetem ao realismo mágico de sua ficção e a defesa política que fez de regimes como a ditadura cubana, seja em artigos de opinião ou reportagens.

Para García Márquez, um dos principais problemas do jornalismo atual estava na formação. Ele defendia uma aproximação entre os veículos de imprensa e as escolas.

CCJ da Câmara aprova PEC do diploma em jornalismo

 

protestam a favor do diploma de jornalista (Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil)
Manifestantes protestam a favor do diploma de jornalista (Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil)

Via Brasil de Fato

Proposta acrescenta na Carta Magna a obrigação de formação em curso específico para exercer a profissão; texto agora será analisado por uma comissão mista

Mário Coelho,

do Congresso em Foco

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou, nesta terça-feira (12), a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 206/12, que institui a obrigatoriedade do diploma em jornalismo para exercer a profissão. Aprovada pelo Senado no ano passado, a PEC agora deverá ser analisada por uma comissão especial antes do plenário.

Nesta fase, os deputados analisam apenas a admissibilidade da PEC. Ou seja, se o Congresso pode sugerir a mudança na Constituição sobre o tema e se o texto está de acordo com as normas legislativas. O mérito da proposta só é apreciado na comissão especial, que não tem prazo para ser criada.

A aprovação da PEC é uma resposta a decisão do STF de 17 de junho de 2009. Na oportunidade, a mais alta corte do país decidiu, por oito votos a um, acabar com a exigência do diploma de curso superior específico para a prática do jornalismo. Na época, os ministros entenderam que o Decreto-lei 972/69, editado durante a ditadura militar e que regulamentava a profissão, afrontava a Constituição Federal.

Após a revogação, uma série de PECs foram apresentadas na Câmara e no Senado. A aprovada pela CCJ hoje é do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). Conhecida como PEC dos Jornalistas, foi aprovada no plenário do Senado em 7 de agosto do ano passado. Desde então estava parada na Câmara. Se os deputados não modificarem o texto na comissão especial, pode ser promulgada pelo Congresso após votação em dois turnos em plenário.

“Com efeito, respeitosamente, ousamos discordar do entendimento firmado pela Excelsa Corte de Justiça, pois não vislumbramos que a referida obrigatoriedade de diplomação para o exercício da atividade profissional ofende a liberdade de pensamento, de expressão ou de comunicação, independentemente de licença”, disse o relator, Daniel Almeida (PCdoB-BA), no parecer.

Mídia em debate

Portal Vermelho

A mídia no Brasil e a grande batalha pela democracia

 

“Pensar o processo de comunicação no Brasil, entender como a informação atua na esfera política, olhar atentamente para os modelos desbravadores que equilibraram esse campo e fortalecer a frente de luta contra uma comunicação imperialista”. Essa foi a receita apresentada por Laurindo Leal Filho, professor da Universidade São Paulo (USP), ao falar sobre os desafios que ainda temos que enfrentar para democratizar os meios de comunicação.

Por Joanne Mota*
Segundo ele, o modelo de trocas de informação no Brasil, que foi edificado nos marcos do capitalismo, tornou-se uma frente estratégica na luta política, na qual os trabalhadores, por exemplo, não possuem vez nem voz. “A chamada velha mídia possui uma orientação muito firme e única, basta apenas zapear pelos meios para perceber que eles possuem os mesmo discursos, mudando apenas algumas alegorias. Todos defensores do sistema capitalista e da ausência de uma real democracia. E nesta investida o principal lesionado é o trabalhador”, externou Lalo, que é jornalista e apresenta o programa semanal Ver TV, na TV Brasil.

Esse ponto de vista também é compartilhado por Dênis de Moraes, escritor e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). Segundo ele, foi edificado, não só no Brasil, mas em toda a América Latina uma espécie de patronato da mídia mercantil, que tem como clube privê a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, sigla em Espanhol).

“Trata-se de uma organização maléfica, que tem tido uma participação deletéria no processo político e social latino-americano desde os anos 1940 e que se notabilizou por defender golpes de estado e ditaduras militares e apoiar governos liberais e antissociais. Tudo através de uma comunicação construída para sufocar qualquer voz que se opusesse aos seus objetivos. Do meu ponto de vista, a SIP reúne o que há de pior em termos de jornalismo e forma uma espécie de cadeia de interesses convergentes das corporações midiáticas, o que ataca qualquer movimento de resistência. Um exemplo clássico é a criminalização dos trabalhadores”, esclareceu.

No caso específico do Brasil, o pesquisador pontuou que “diariamente a chamada grande mídia brasileira sente-se estimulada a lutar contra os avanços democratizadores que estão ocorrendo no Brasil e em outros países. E isso ocorre por quê? Porque ela sabe que aqui no Brasil o governo que aqui está há 10 anos nada fez para atualizar, renovar, democratizar a legislação de comunicação que existe no Brasil, principalmente a legislação que diz respeito à radiodifusão pública. O que temos no Brasil são legislações arcaicas anacrônicas e elitistas. E para garantir o avanço da democracia, precisamos de ferramentas que ponham fim ao modelo conservador e preconceituoso alimentado por essa velha mídia.”, denuncia o pesquisador.

Os mais atingidos são os trabalhadores

“Se o povo tivesse descoberto antes a importância da comunicação nós já teríamos vencido muitas lutas, e uma delas é a da Reforma Agraria”, externou a deputada Federal Luiza Erundina (PSB/SP), durante curso promovido pelo Centro de Estados de Mídia Alternativa Barão de Itararé, entre os dias 8 e 12 de maio, em São Paulo. Ela convocou todos os trabalhadores trabalhadoras do Brasil a somar forças pela democratização da comunicação, pelo fim da propriedade cruzada e dos oligopólios de mídia no país.

Para justificar a convocação, a parlamentar lembrou que “as principais vítimas desta concentração são os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil e para vencer essa luta é preciso mobilização, organização, politização”. Segundo ela, as ações políticas só terão sucesso com o comprometimento da coletividade.

“A questão da politica de comunicação social é uma questão estratégica para o desenvolvimento nacional. E lembrou o quão simbólico foi a realização a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). Um momento, segundo Erundina, de amplo e diverso debate, colonizado pela sociedade e que deixou claro a complexidade do que é pensar a mídia no Brasil.

Paulo Henrique Amorim, do Blog Conversa Afiada, concordou com a parlamentar e explicou o por quê dos trabalhadores serem os mais prejudicados com a concentração dos meios de comunicação.

“Os trabalhadores são os mais prejudicados com a falta de democracia na mídia porque não tem acesso a este espaço e quando aparece, aparece da pior maneira possível. Por isso a importância de a luta estar no chão da fábrica, na base, não se restringindo apenas aos jornalistas, mas também sendo prioridade da classe trabalhadora no geral”, diz.

E acrescenta: “No dia em que as organizações sindicais se engajarem nessa luta ela dará um salto enorme e avançará em suas principais bandeiras. É preciso potencializar o movimento de cartase e mobilização política, tão fortemente utilizado na internet, nas ruas e no interior dos movimentos, e os trabalhadores são fundamentais para isso”.

Nesse sentido, para a deputada Federal Luciana Santos (PCdoB/PE) democratizar a mídia significa por fim a uma excrecência histórica do país. “Essa luta deve compor todas as frentes de batalha. Sociedade civil e movimento sindical devem unir forças para este combate. Não podemos mais tolerar que transformem a comunicação em uma mercadoria, que tem dono, endereço e valor de troca”, disparou.

“Para nós a democratização dos meios de comunicação, significa a garantia das liberdades, dos direitos e sobretudo da participação de todos no processo de construção do país. Um processo que tenha como norte a inclusão social e a valorização dos trabalhadores e das trabalhadoras. É chegada a hora de por um fim a prática da propriedade cruzada e da concentração dos meios nas mãos de poucas famílias. A comunicação alternativa, por exemplo, precisa ser valorizada”, ressaltou a parlamentar durante a entrevista.

Ela acrescentou que “é chegada a hora de se implementar um novo marco regulatório que garanta o espaço de atuação aos veículos alternativos. As rádios comunitárias, por exemplo, precisam ter o espaço e direito de expressar sua opinião sobre o que acontece no Brasil. As tevês comunitárias precisam ter o incentivo necessário para propor um modelo alternativo ao hegemônico. E digo mais, é preciso que os meios privados, que já estão em funcionamento, cumpram com o que está previsto na Constituição Federal”.

Guerrilha pela liberdade

Altamiro Borges, blogueiro e presidente do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé, destaca que os setores progressistas e populares do país precisam ter em mente o que está em jogo neste enfrentamento.

“Nesta luta, organizar a comunicação é essencial no processo. Isso significa ampliar investimentos em comunicação, orientar os setores atingidos pelos oligopólios da mídia. Ou seja, a formação das lideranças, os investimentos em plataformas de comunicação e o

entendimento do que significa essa ferramenta de luta, tornam-se centrais nesta guerrilha pela liberdade”, explicou o blogueiro.

Segundo ele, “para travar o debate de ideias no interior da sociedade é preciso antes de tudo inserir as informações necessárias que fundamentarão este debate. O movimento sindical possui um potencialidade incrível, e alto grau de produção, mas mesmo este, precisa pensar com mais atenção o papel de sua comunicação frente ao que é colocado pela mídia burguesa”.

César Bolaño, pesquisador da Universidade Federal de Sergipe (UFS), compartilha da opinião e lembra que essa luta deverá ser travada em diversos níveis, pois não tratamos de qualquer comunicação, tratamos de uma comunicação elitizada e imperialista.

Ele alerta que “a TV, como os demais meios de comunicação de massa, não fazem outra coisa senão permitir a comunicação, uma comunicação especificamente capitalista. Longe de criar incomunicabilidade, esses meios sobre informam, sobre-comunicam, numa ânsia imperialista de dominar o conjunto dos processo comunicativos que se exercem no nível do mundo da vida”.

Quero falar também!

Com o objetivo de reforçar as fileiras dessa luta e garantir a voz e o direito de informar e de ser informado, em agosto de 2013, foi lançada a Campanha para Expressar a Liberdade, apoiada por cerca de 40 entidades da sociedade civil e que encabeçam a campanha para a construção de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular para uma Comunicação Democrática no Brasil (PlipCom).

Rosane Bertotti, coordenadora geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), informa que o projeto dispõe sobre os serviços de comunicação social eletrônica, televisão e rádio. E que a proposta também observa a execução dos artigos nunca regulamentados do capítulo 5 da Constituição Federal Brasileira, que trata da Comunicação Social (Art. 220 a 224). Bertotti salienta que o projeto tem o objetivo de envolver a população brasileira na luta pela democratização da comunicação, pautando um tema que é bloqueado pela grande mídia e ainda distante de muitos brasileiros.

Altamiro Borges destaca que com a validação do PlipCom, que precisa obter 1,3 milhão de assinaturas, e seu envio ao Congresso Nacional, o próximo passo será pressionar o os parlamentares para a provação do texto.

“Infelizmente o Congresso nunca cumpriu seu papel, basta lembrar que os artigos que versam sobre a comunicação nunca foram regulamentado. Oura coisa é que o governo Dilma não sinaliza que irá comprar essa briga. A Constituição de 88 definiu as balizas do que deveria ser a comunicação no Brasil, porém o Congresso fechou os olhos sobre está questão. Nosso objetivo é cobrar isso, e com um projeto de lei nas mãos estaremos preparados para esta disputa”.

Rosane Bertotti acrescenta que é chegada a hora de “batalharmos pela regulamentação da mídia, pela sua democratização, e pela universalização das tecnologias digitais. Só assim faremos valer a democracia e brecaremos os desmandos dos que, historicamente, ditaram as regras no Brasil”.

*Joanne Mota é jornalista.

Fonte: Revista Visão Classista

 

Democracia na comunicação!

Discutir a comunicação não é uma tarefa fácil, o que diz respeito à toda população de um país, no que se refere à política, cultura e economia – consumo. Afinal, uma sociedade se organiza, sobremaneira, através dos meios de comunicação de massa.

O Estado e as lideranças sociais, portanto, se dedicam a escolher (através de concessão) de maneira aprimorada quais são os proprietários de mídias, que no Brasil está substancialmente nãos mãos de grandes empresários.

Os veículos estatais – no Brasil não há mídia pública, mantida pelos brasileiros – ainda são poucos e não conseguem atingir audiência razoável.

O grupo intervozes – uma associação brasileira que trabalha pela efetivação do direito humano à comunicação. –  tenta uma explicação para o fato, em vídeo.

 

Vídeo sobre direito à comunicação produzido pelo Intervozes Coletivo Brasil de Comunicação Social com o apoio da Fundação Friedrich Ebert Stiftung retrata a concentração dos meios de comunicação existente no Brasil.

Roteiro, direção e edição: Pedro Ekman
Produção executiva e produção de elenco: Daniele Ricieri
Direção de Fotografia e- câmera: Thomas Miguez
Direção de Arte: Anna Luiza Marques
Produção de Locação: Diogo Moyses
Produção de Arte: Bia Barbosa
Pesquisa de imagens: Miriam Duenhas
Pesquisa de vídeos: Natália Rodrigues
Animações: Pedro Ekman
Voz: José Rubens Chachá