O após COVID-19

As atenções da população mundial estão em torno da infecção e mortes pelo novo coronavírus, na tentativa individual de se proteger de doença que assusta as famílias, convivendo com única mensagem nas mídias. Não quer dizer, no entanto, que a política esteja esquecida, um tempo para as decisões sociais e antissociais. Podemos presumir que articulações vêm sendo feitas aqui e acolá, no sentido de manter a ordem sistemática de poder em pleno vigor, não somente em território brasileiro, mas global.

Possível afirmar que numa crise haverá sempre rearranjo dos processos ideológicos e políticos, considerando os movimentos econômicos e culturais. A mídia tem papel fundamental na linguagem ordenada e formação da agenda, mantendo no obscurantismo temas fundamentais no âmbito das propostas de modificações na realidade, como a configuração econômica, por exemplo. Como pensar o Brasil e mundo pós-COVID-19?

A pergunta é um enigma, mas seria razoável afirmar que haverá modificações na ordem sistêmica. Mudanças podem ser prevista para o trabalho, o capital e cultural. A democracia parece ser um uma questão a se analisar neste momento de tempos de caos, substanciais modificações da educação, justiça e autoridades de comando regionais e instituições.

Antecipando-se ao próximo estágio da crise do coronavírus | McKinsey
COVID-19 poderá levar a mudanças profundas no cenário político brasileiro e internacional, mais adiante, com forte reflexo no trabalho, capital, justiça e democracia.

Muitas questões e projetos podem estar sendo colocados, observando que o mundo está sensibilizado com o presente e bem focado em textos e contextos apresentados. Novas configurações políticas poderão resultar do reflexo das negociações no agora. O neoliberalismo sairá fortalecido? Pode ser, apesar da certeza da necessidade de o Estado em período de crises como esse – parece evidente. Porém, o trabalho poderá ficar escasso um pouco mais adiante, com reflexo na sobrevivência de muitos trabalhadores e famílias pobres, sobretudo, e nas determinadas condições, desejosos de submissão aos desígnios do mercado, no alto do domínio, capaz de decidir sobre as características dos primordiais e periféricos.

No Brasil, o presidente Bolsonaro vai se tornando uma figura ainda importante, mas secundária, e há a busca de um novo personagem a atribuir a autoridade, uma discussão que supera a realidade imediata, de conduzir a população para o neoliberalismo ideal, quanto a ideais dominantes. Contudo, bem verdade, há que se levar em conta a diversidade no moderno – moderno radicalizado. Contudo, pouco importa os meios, se os fins agradam para os princípios de manutenção de ideológica hegemônica consensual em vigor.

O Brasil é um jogador importante no tabuleiro dos Estados Unidos e aliado necessário na saga pelo império global histórico, quando se observa o crescimento e ousadia de adversários comunistas e ex-comunistas.

Quanto a elite brasileira, um tanto diversificada e antagônica internamente, precisa buscar algum consenso na decisão sobre manter ou não o presidente sem freios e limites na visibilidade angustiante e imprevisível. O conservadorismo pouco importa, desde que o neoliberalismo sofrível que se mantenha em perspectiva, contudo, sem forças para a plenitude na América Latina e países fora do eixo do poder centralizado. As decisões na política brasileira continuam a existir entre agentes nacionais e internacionais em torno do modelo meio brasileiro e inteiramente difundido globalmente, que precisa de ser aperfeiçoado em cada crise e oportunidade de descontrole social.

Figura importe neste mapa de condução social, o superministro Paulo Guedes, com seu perfil indispensável, pode perder a capacidade de pôr em prática na economia brasileiro freios e contra freios, capazes de segurar de um lado as diferenças políticas e conduzir o trabalho e capital para o rumo desejado. O Chile e Argentina se revelam como exemplo de ineficácia para formação de consenso social para o aprofundamento de modelo necessário para a ordem modernizante. O social diversificado e radicalizado nesta nova política, neste agora, poderá atropelar a produção de bens fundamentais para este progresso propagandeado, cuja riqueza se mantêm para desigualdades de condições e sobrevivência.

Mesmo nas crises e por causa delas, as lideranças conservadoras/progressista e neoliberais “não dormem de botinas”, na composição da consciência coletiva, na terraplanagem do terreno com necessário ajustes nas batalhas perdidas e provocadas pela oposição sistematicamente nas lutas pelas ideologias, inserindo ou não o popular.

Oposição, na ortodoxia de um futuro que chegou contestado sem diálogo com o senso comum, que se mostra com pouca credibilidade e ação, de cujas lutas vêm enfrentando resistência, também do grande número social, sua força. O sistema político e cultural sofreu revezes, muito rapidamente, como resultado de uma sociedade complexa, porém conduzido com determinação para estratégia de lideranças econômicas e ideológicas globais definidas estrategicamente. A crise econômica terá finalidade para mais convencimento da opinião pública para o conservadorismo e a decisão sobre a autoridade simbólica para rearranjo em perspectiva – a crise é oportunidade.

As portas não estão fechadas para nada. Pode ser também tempos de mudanças profundas no sistema de poder simbólico, questionado pelo “novo” modelo, indiferente à exclusão evidente que marginaliza sujeitos e coletividade no Brasil, América Latina e mundo, amigavelmente; ou mesmo o nada, confrontado a dinâmica de uma sociedade em movimento constante.

Apenas um desenho político e ideológico, entre outros tantos, que podem ser mais ou menos racionais.

Autor: Antonio S. Silva

Jornalista, doutor pela UnB e professor da (UFMT, com mestrado pela PUC/SP e Docente no curso de Jornalismo da UFMT. Em essência, acreditamos que é necessário o diálogo para construirmos, democraticamente, um país melhor.

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