Site da Universidade Federal de Mato Grosso é atacado por hackers

https://i0.wp.com/www.midianews.com.br//storage/webdisco/2018/05/05/438x291/a9e5f829dd4f5e4c00435679695f3de9.jpgMidiaNews – O site da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foi invadido por um grupo de hackers na manhã deste sábado (5). O grupo, identificado como Ghost Defacers, tomou o controle o site por volta das 11h30 e derrubou o endereço eletrônico cerca de 15 minutos depois.

Os invasores ainda deixaram uma mensagem tendo ao fundo uma imagem do personagem “V” da série de histórias em quadrinhos “V de Vingança”, que inspirou o filme de mesmo nome e é muito utilizada por hackers anarquistas.

“Corrupção há em todo lugar, mas no Brasil a corrupção virou cultura política (…) Chegamos em um momento crucial na política brasileira, ou colocamos esses canalhas na cadeia, ou vamos ficar nessa corrupção que nunca tem seu fim”, diz um trecho da manifestação.

Reitoria da UFMT obtém mandato de reintegração de posse contra estudantes acampados no Campus de Cuiabá

Semana7 – A direção da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) conseguiu nesta sexta (04) um mandado de reintegração de posse no campus de Cuiabá, que está ocupado por alunos. Eles reivindicam a manutenção do preço da refeição no restaurante universitário a R$ 1. A reitoria porém já informou que vai aumentar.

Nota da UFMT diz que a decisão do juiz federal Raphael Casella de Almeida Carvalho aponta risco ao patrimônio público inclusive comprovado pela Procuradoria Federal junto à UFMT, por fotos e documentos anexados ao processo, que confirmam ocupação irregular do prédio.

O magistrado também aponta para o dano social, já que aulas estão suspensas. “Haja vista que o direito à educação (professores e alunos), ao trabalho (servidores da IES- Instituição de Ensino Superior), ao lazer (população em geral) também está sendo obstaculizado”.

UFMT adia mudança da política de alimentação, depois de paralisação dos estudantes

Mídia Ninja – Devido aos recentes cortes nos repasses do governo para as universidades federais, muitas instituições estão buscando cortar custos. Na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus Cuiabá, a proposta da atual reitora Myrian Serra era aumentar os valores pagos pelos alunos no Restaurante Universitário (RU). O movimento estudantil se organizou em protestos que duraram toda a última semana de abril e acabam de conquistar uma primeira vitória: o reajuste programado para maio está adiado. Mas a luta deve continuar até a revogação total da proposta.

A reitoria afirma que o objetivo da mudança é reduzir os gastos com a alimentação, que no ano passado chegou a R$ 15 milhões, sendo R$ 3 milhões acima das despesas. Atualmente os alunos pagam R$ 0,25 pelo café da manhã e R$ 1,00 para almoço e janta. Com a aprovação da nova política os valores passariam a ser R$ 2,50 pelo café da manhã e R$ 5,00 para almoço e janta. A reitoria alega também que os alunos que não possuem renda suficiente (1,5 salário mínimo) e que atualmente são auxiliados pela Pró-reitoria de assistência estudantil (PRAE), deixarão de receber essa renda, tornando-se isentos de qualquer custo no Restaurante Universitário. Entretanto, os alunos assistidos alegam que o valor recebido da PRAE não só custeia o valor do RU, como também custeia suas refeições dias de domingo e feriados, quando o Restaurante Universitário não funciona.

Estudantes mantêm UFMT sem aulas diante de impasse com reitoria sobre política de alimentação

Agência Focaia – Na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Araguaia, foi realizado ontem (27), assembleia geral extraordinária convocada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), onde a pauta principal foi a continuidade da ocupação no campus, que teve início na sexta-feira (20). A mobilização começou a partir de notificação da reitoria sobre a implantação de nova política nos preços do restaurante universitário. O valor das refeições passaria de R$1 para R$5, e o café da manhã aumentaria para R$2,50, o que hoje custa R$0,25.

Estiveram presentes no Cinema I da UFMT, unidade de Barra do Garças, aproximadamente 190 alunos, além do Pró-reitor do Campus, Paulo Jorge da Silva, da Diretora do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), Lennie Bertoque, professores e técnicos da universidade. A assembleia teve início às 19h30, com a exposição do DCE sobre a atual situação na ocupação e informando a conjuntura com os demais Campi. 

Abertas as inscrições para o Prêmio Adelmo Genro Filho

SBPJor

As inscrições para a 11ª. Edição do Prêmio Adelmo Genro Filho (PAGF) de Pesquisa em Jornalismo já estão abertas e vão até o dia 10 de julho. Para a edição de 2016, poderão concorrer os trabalhos defendidos em 2015, de 01 de janeiro a 31 de dezembro, nas categorias Iniciação Científica/TCC, Mestrado e Doutorado.

O Prêmio PAGF foi criado em 2004 pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), para valorizar de forma individual as contribuições relevantes para o campo da pesquisa em jornalismo.

A jornalista Claudia Quadros está na coordenação geral do Prêmio Adelmo Genro Filho 2016. Professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFPR, ela já foi vice-presidente e diretora científica da SBJor.

As comissões julgadoras de cada uma das categorias do PAGF são compostas por membros designados pela coordenação do PAGF conjuntamente com a diretoria e integrantes do Conselho Científico da SBPJor. A comissão julgadora deliberará pelo voto da maioria de seus membros. Na categoria sênior, a escolha é feita pela diretoria e pelo Conselho Científico da SBPJor, mas todo sócio da SBPjor pode enviar uma indicação ao PAGF até 10 de julho. Nesta categoria, é considerada a trajetória acadêmica e a contribuição do pesquisador para o campo do Jornalismo.

A Comissão julgadora do Prêmio PAGF avaliará os trabalhos até 30 de setembro de 2016. A entrega do Prêmio será feita durante o 14º. Encontro Nacional da SBPJor, que acontece entre os dias 9 e 11 de novembro de 2016 na Unisul, em Palhoça, Santa Catarina.

Acesse a Ficha de Inscrição e o Regulamento.

MYRIAN SERRA VENCE ELEIÇÕES PARA REITORIA DA UFMT

Fonte Site Focaia

Após a apuração dos votos para a eleição de reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a professora Myrian Serra, obteve vitória na disputa contra o seu colega Paulo Teixeira, em segundo turno. A chapa 4, “UFMT: Diálogo e Ação”, atingiu 49,37% do total de votos, contra 47,01% da concorrente, chapa 2, “UFMT +50″.

A decisão, como se observa nos números, se mostrou apertada, somente conhecendo o vencedor no final da contagem. No entanto, o voto que definiu em favor de Serra foi aquele depositado pelos profissionais técnicos. Sendo que os docentes preferiram a chapa 2 com 16,92% e 15,16% para chapa 4, no caso dos discentes 16,45% contra 15,94%, respectivamente. Já os técnicos foram mais decididos com 13,63% para Teixeira e 18,26% para Myrian.

O presidente do sindicato dos professores da instituição Reginaldo Araújo, disse ao jornal A Gazeta de Cuiabá, que apesar dos candidatos serem do mesmo grupo, ainda assim, “Uma nova gestão sempre traz expectativas de que seja um novo momento, com novas possibilidades de avançar nas questões que consideramos importantes”.

Como procedimento será apresentado ao governo federal uma lista contendo nomes de reitores para análise da presidência da república. Apesar das interferências políticas no passado, de governos centralizadores, nos últimos anos para cá, o chefe do executivo federal apenas ratifica o vencedor internamente. A nova gestão ficará no comando da instituição até 2020.

A posse da nova reitoria ocorrerá no dia 26 de outubro. Neste momento de transição deverá haver alternância de pessoas em cargos de confiança nos quatro campi da UFMT. Neste sentido, no Campus Universitário do Araguaia, o atual pró-reitor, deverá ceder a função a outro nome a ser escolhido, em tese, pela nova reitora. No entanto Serra em campanha foi mais enfática do que o seu adversário, ao afirmar que o pró-reitor de campus deve sair da escolha dos seus pares, ou seja, dos professores, técnicos e estudantes. Porém, não parece uma questão simples de resolução.

Para que haja a alternância no poder é preciso saber da decisão do pró-reitor José Marques pessoa, com vários mandatos no cargo de confiança da reitoria, com amplo diálogo com Cuiabá. Nos bastidores, pelo menos os docentes ainda não mostram articulados na definição do representante, no comando das unidades de Barra do Garças e Pontal, o que deve ocorrer, agora, após a definição do novo reitor.

Nos corredores, o atual pró-reitor afirma que já venceu o seu prazo no cargo. Atingiu os seus objetivos com sucesso, com implantação de projeto, idealizado ao longo do tempo em que esteve à frente do Campus Araguaia. Desta forma, espera que em breve surja um nome para sucedê-lo, e, ressalta, informalmente, não ter a intenção de interferir nas escolhas.

Professor produtivista

Fonte ANDES

Produtivismo acadêmico está acabando com a saúde dos docentes

 A quarta mesa do Seminário Ciência e Tecnologia no Século XXI, promovido pelo ANDES-SN em novembro (2015), em Brasília, debateu o “Trabalho docente na produção do conhecimento”. As análises abrangeram tanto a produção do conhecimento dentro da lógica do capitalismo dependente brasileiro, até o efeito do produtivismo acadêmico na saúde dos docentes.

Participaram dessa mesa, o ex-presidente do ANDES-SN e professor do departamento de educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher; a assistente social e também professora da UFRJ Janete Luzia Leite; e a professora visitante do curso de pós-graduação em serviço social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro Maria Ciavatta.

Leher iniciou sua fala lembrando que a universidade brasileira, implantada tardiamente, tem sua gênese na natureza do capitalismo dependente brasileiro. E é essa matriz que vai determinar o conhecimento gerado academicamente. “Também não podemos esquecer que a produção do conhecimento tem sido re-significada. Hoje, não há mais a busca da verdade, mas, sim, a sua utilidade. Sem contar que o conhecimento é uma forma de domínio, como já disseram Kissinger, Fukuyama e Mcnamara”, argumentou.

“Diante disso, está fora de lugar a perspectiva de que a universidade tem um caráter iluminista. Àquela aura do professor universitário intelectual não mais se sustenta”, constatou.

Para Leher, antes havia a valorização da cultura geral, em que era comum encontrar um físico escrevendo sobre arte. Essa ideia, no entanto, não ocorre mais na universidade submetida à lógica utilitarista e pragmática. “É a expropriação do trabalho acadêmico”, criticou.

No Brasil, esse processo foi iniciado com a ditadura militar, que centralizou no Ministério do Planejamento os programas de apoio científico e tecnológico. Como o governo precisava direcionar a inteligência na perspectiva desenvolvimentistas do país, mas queria silenciar a universidade, passou a utilizar-se dos editais para direcionar as pesquisas.

Desde então, mas, principalmente, a partir de 2000, a maioria dos recursos destinados à pesquisa foram se deslocando para o que passou a ser chamado de inovação. A hipótese de Leher é de que como Brasil é dependente e como os doutores formados nas universidades não conseguem empregos na iniciativa privada, a universidade está sendo re-funcionalizada para fazer o serviço que as empresas não querem fazer.“Isso se dá nas ciências duras, mas também nas ciências sociais. É o que explica, por exemplo, o tanto de editais para formar professores à distância, ou para fazer trabalho nas favelas. É a universidade oferecendo serviços”, exemplificou.

“Diante dessa pressão em oferecer serviços, em produzir, o professor que levar dois anos para concluir um livro é expulso da pós-graduação”, denunciou Leher.

A saída para essa situação está na aliança do movimento docente com os movimentos populares. “Ao contrário do que ocorreu em épocas anteriores, em que parcelas da burguesia apoiaram projetos de uma universidade mais comprometida com os povos, hoje eles estão preocupados em inserir cada vez mais a instituição na lógica do mercado”, constatou. “Temos, portanto, de construir um arco de forças políticas no movimento anti-sistêmico, ou seja, com movimentos como a Conae e o MST”, defendeu.

Esse diálogo vai exigir da academia, no entanto, um esforço epistemológico e epistêmico. “Se queremos o MST como aliado, por exemplo, temos de produzir conhecimento que trate, por exemplo, da agricultura familiar”, argumentou.

Qualidade no ensino
A professora Maria Ciavatta também criticou o produtivismo acadêmico ao qual estão submetidos os docentes universitários. “Numa recente publicação do ANDES-SN, li a seguinte frase, que reflete muito bem o atual estado em que nos encontramos: ‘antes, éramos pagos para pensar, agora, somos pagos para produzir’. Achei essa definição ótima”, afirmou.

Ciavatta argumentou que a baixa qualidade do ensino decorre, diretamente, da insuficiência de recursos, responsável pelos baixos salários pagos aos professores. Disse, também, que o Brasil não tem políticas públicas para educação, mas programas de governo.

Ela criticou veementemente o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico) do governo federal. “O discurso é o mesmo dos anos 90, de que precisamos treinar os jovens pobres porque eles precisam de trabalho. Ocorre que esses jovens, por não saberem o básico, também não aprenderão nada nos cursos técnicos”, previu.

“O que temos de defender é a universalização do ensino médio público, gratuito, de qualidade e obrigatório. Temos de responsabilizar o Estado nessa questão”, defendeu.

Ciavatta criticou a banalização do termo pesquisa. “Todos os professores têm de ser pesquisadores, quando, na realidade, a pesquisa científica exige um tempo para pensar”, argumentou. “A pesquisa é encarada como toda E qualquer busca de informação”, constatou.

Após citar os artigos da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) que tratam da pesquisa, ela apontou a baixa qualidade do ensino como um empecilho. “A sofisticada proposta da LDB não se faz com alunos semi-analfabetos. Não basta a alfabetização funcional de muitos e a especialização de poucos. A inovação requer a generalização da cultura científica”, diagnosticou.

Para Ciavatta, a privatização das universidades públicas, com a criação de cursos pagos, se deu a partir do achatamento salarial dos anos 90, o que acarretou maior carga horária dos professores, precarização das relações de trabalho, produtivismo induzido e  individualismo.  “Sou de uma época em que líamos os trabalhos dos colegas. Hoje não temos mais tempo”, lamentou.

A eficiência prescrita e o produtivismo induzido limitaram, segundo ela, a democracia e a autonomia da universidade.

Para a pesquisadora, o viés positivista e mercantilista é que está pautando a produção do conhecimento. “O direito à educação está sendo substituído pelo avanço do mercado sobre a educação, que está sendo vista como um serviço”, afirmou.

Saúde dos docentes
O produtivismo acadêmico está tirando a saúde dos docentes das universidades públicas brasileiras. Essa é a principal constatação feita por estudo da professora do curso de Serviço Social da UFRJ Janete Luzia Leite. “Antes, a docência era vista como uma atividade leve. Agora, está todo mundo comprimido”, afirmou.

A causa dessa angústia está na reforma, feita em 2004, na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Aliada ao Reuni, as mudanças na Capes foram um verdadeiro ataque à autonomia universitária”, denunciou.

O resultado foi a instituição de dois tipos de professores: o pesquisador, que ensina na pós e recebe recursos das agências de fomento para fazer suas pesquisas e o que recebe a pecha de “desqualificado”, que ficou prioritariamente na docência de graduação e à extensão. Esses, em sua maioria, são recém-contratados e terão suas carreiras truncadas e sem acesso a financiamentos.

Para Janete, os atuais docentes estão formando em seus alunos um novo ethos, em que é valorizado o individualismo, ocultada a dimensão da coletividade e naturalizada a velocidade e a produtividade.

Há, também, um assédio moral subliminar muito forte, que ocorre, principalmente, quando o docente não consegue publicar um artigo, ou quando seus orientandos atrasam na conclusão do curso. “Com isso, estamos nos aproximando de profissões que trabalham no limite do estresse, como os médicos e motoristas”, afirmou.

O resultado é que os docentes estão consumindo mais álcool, tonificantes e drogas e estão propensos à depressão e ao suicídio. “É um quadro parecido com a Síndrome de Burnout, em que a pessoa se consome pelo trabalho. Ocorre como uma reação a fontes de estresses ocupacionais contínuas, que se acumulam”, explicou Janete Leite.

O problema, segundo ela, é que as pessoas acham que seu problema é individual, quando é coletivo, além de terem vergonha de procurar o serviço médico. “Com isso, elas vão entrando em suas conchas, temendo demonstrar fragilidades”.

Como forma de mensurar o nível de estresse dos docentes, a pesquisadora da UFRJ começou a fazer uma pesquisa nesse campo. Junto com um grupo de aluno, ela entrevista professores dispostos a falar de seus problemas.

“A primeira constatação que fiz é que as pessoas estão ansiosas para falar sobre seus problemas. Nossas entrevistas não duram menos do que uma hora e meia”, contou.

Já foi possível concluir que a atual realidade tem provocado sintomas psicopatológicos, como depressão e irritabilidade; psicosomáticos, como hipertensão arterial, ataques de asma, úlceras estomacais, enxaquecas e perda de equilíbrio; e sintomas comportamentais, como reações agressivas, transtornos alimentares, aumento de consumo de álcool e tabaco, disfunção sexual e isolamento.

Tudo isso, para Janete Leite, decorre da pressão atualmente feita sobre o docente. “O nosso final de semana desapareceu, pois temos de dar conta do que não conseguimos na semana, como responder e-mails de orientandos, ou escrever artigos”, afirmou.

Para ela, é preciso que haja uma reação dos docentes a esse processo. “Caso contrário, seremos uma geração que já está com a obsolescência programada”, previu.

Jornalismo mais perto da escola

Folha de S. Paulo

Ficção e jornalismo se influenciaram ao longo da obra de García Márquez

 

A atuação jornalística de Gabriel García Márquez influenciou tanto a sua ficção, e vice-versa, que o colombiano gerou um paradoxo: “Os editores do jornal se queixam de que meu estilo é muito literário, e os críticos literários reclamam que meu estilo é muito jornalístico”.

A citação é feita pelo tradutor e ensaísta Léo Schlafman no prefácio de “Reportagens Políticas” (Record), um dos cinco volumes que que reúnem sua produção jornalística dos anos 1940 aos 1980 —a maioria é composta de crônicas, reportagens, artigos e entrevistas.

Trocou o curso de direito pelo jornalismo em 1950. Em sua carreira se destacam as reportagens investigativas, personagens que remetem ao realismo mágico de sua ficção e a defesa política que fez de regimes como a ditadura cubana, seja em artigos de opinião ou reportagens.

Para García Márquez, um dos principais problemas do jornalismo atual estava na formação. Ele defendia uma aproximação entre os veículos de imprensa e as escolas.

Produtivismo acadêmico está acabando com a saúde dos docentes

Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior – ANDES-SN


A quarta mesa do Seminário Ciência e Tecnologia no Século XXI, promovido pelo ANDES-SN, novembro do ano passado em Brasília, debateu o “Trabalho docente na produção do conhecimento”. As análises abrangeram tanto a produção do conhecimento dentro da lógica do capitalismo dependente brasileiro, até o efeito do produtivismo acadêmico na saúde dos docentes.

Participaram dessa mesa, o ex-presidente do ANDES-SN e professor do departamento de educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher; a assistente social e também professora da UFRJ Janete Luzia Leite; e a professora visitante do curso de pós-graduação em serviço social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro Maria Ciavatta.

Leher iniciou sua fala lembrando que a universidade brasileira, implantada tardiamente, tem sua gênese na natureza do capitalismo dependente brasileiro. E é essa matriz que vai determinar o conhecimento gerado academicamente. “Também não podemos esquecer que a produção do conhecimento tem sido re-significada. Hoje, não há mais a busca da verdade, mas, sim, a sua utilidade. Sem contar que o conhecimento é uma forma de domínio, como já disseram Kissinger, Fukuyama e Mcnamara”, argumentou.

“Diante disso, está fora de lugar a perspectiva de que a universidade tem um caráter iluminista. Àquela aura do professor universitário intelectual não mais se sustenta”, constatou.

Para Leher, antes havia a valorização da cultura geral, em que era comum encontrar um físico escrevendo sobre arte. Essa ideia, no entanto, não ocorre mais na universidade submetida à lógica utilitarista e pragmática. “É a expropriação do trabalho acadêmico”, criticou.

No Brasil, esse processo foi iniciado com a ditadura militar, que centralizou no Ministério do Planejamento os programas de apoio científico e tecnológico. Como o governo precisava direcionar a inteligência na perspectiva desenvolvimentistas do país, mas queria silenciar a universidade, passou a utilizar-se dos editais para direcionar as pesquisas.

Desde então, mas, principalmente, a partir de 2000, a maioria dos recursos destinados à pesquisa foram se deslocando para o que passou a ser chamado de inovação. A hipótese de Leher é de que como Brasil é dependente e como os doutores formados nas universidades não conseguem empregos na iniciativa privada, a universidade está sendo re-funcionalizada para fazer o serviço que as empresas não querem fazer.“Isso se dá nas ciências duras, mas também nas ciências sociais. É o que explica, por exemplo, o tanto de editais para formar professores à distância, ou para fazer trabalho nas favelas. É a universidade oferecendo serviços”, exemplificou.

“Diante dessa pressão em oferecer serviços, em produzir, o professor que levar dois anos para concluir um livro é expulso da pós-graduação”, denunciou Leher.

A saída para essa situação está na aliança do movimento docente com os movimentos populares. “Ao contrário do que ocorreu em épocas anteriores, em que parcelas da burguesia apoiaram projetos de uma universidade mais comprometida com os povos, hoje eles estão preocupados em inserir cada vez mais a instituição na lógica do mercado”, constatou. “Temos, portanto, de construir um arco de forças políticas no movimento anti-sistêmico, ou seja, com movimentos como a Conae e o MST”, defendeu.

Esse diálogo vai exigir da academia, no entanto, um esforço epistemológico e epistêmico. “Se queremos o MST como aliado, por exemplo, temos de produzir conhecimento que trate, por exemplo, da agricultura familiar”, argumentou.

Qualidade no ensino
A professora Maria Ciavatta também criticou o produtivismo acadêmico ao qual estão submetidos os docentes universitários. “Numa recente publicação do ANDES-SN, li a seguinte frase, que reflete muito bem o atual estado em que nos encontramos: ‘antes, éramos pagos para pensar, agora, somos pagos para produzir’. Achei essa definição ótima”, afirmou.

Ciavatta argumentou que a baixa qualidade do ensino decorre, diretamente, da insuficiência de recursos, responsável pelos baixos salários pagos aos professores. Disse, também, que o Brasil não tem políticas públicas para educação, mas programas de governo.

Ela criticou veementemente o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico) do governo federal. “O discurso é o mesmo dos anos 90, de que precisamos treinar os jovens pobres porque eles precisam de trabalho. Ocorre que esses jovens, por não saberem o básico, também não aprenderão nada nos cursos técnicos”, previu.

“O que temos de defender é a universalização do ensino médio público, gratuito, de qualidade e obrigatório. Temos de responsabilizar o Estado nessa questão”, defendeu.

Ciavatta criticou a banalização do termo pesquisa. “Todos os professores têm de ser pesquisadores, quando, na realidade, a pesquisa científica exige um tempo para pensar”, argumentou. “A pesquisa é encarada como toda E qualquer busca de informação”, constatou.

Após citar os artigos da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) que tratam da pesquisa, ela apontou a baixa qualidade do ensino como um empecilho. “A sofisticada proposta da LDB não se faz com alunos semi-analfabetos. Não basta a alfabetização funcional de muitos e a especialização de poucos. A inovação requer a generalização da cultura científica”, diagnosticou.

Para Ciavatta, a privatização das universidades públicas, com a criação de cursos pagos, se deu a partir do achatamento salarial dos anos 90, o que acarretou maior carga horária dos professores, precarização das relações de trabalho, produtivismo induzido e  individualismo.  “Sou de uma época em que líamos os trabalhos dos colegas. Hoje não temos mais tempo”, lamentou.

A eficiência prescrita e o produtivismo induzido limitaram, segundo ela, a democracia e a autonomia da universidade.

Para a pesquisadora, o viés positivista e mercantilista é que está pautando a produção do conhecimento. “O direito à educação está sendo substituído pelo avanço do mercado sobre a educação, que está sendo vista como um serviço”, afirmou.

Saúde dos docentes
O produtivismo acadêmico está tirando a saúde dos docentes das universidades públicas brasileiras. Essa é a principal constatação feita por estudo da professora do curso de Serviço Social da UFRJ Janete Luzia Leite. “Antes, a docência era vista como uma atividade leve. Agora, está todo mundo comprimido”, afirmou.

A causa dessa angústia está na reforma, feita em 2004, na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Aliada ao Reuni, as mudanças na Capes foram um verdadeiro ataque à autonomia universitária”, denunciou.

O resultado foi a instituição de dois tipos de professores: o pesquisador, que ensina na pós e recebe recursos das agências de fomento para fazer suas pesquisas e o que recebe a pecha de “desqualificado”, que ficou prioritariamente na docência de graduação e à extensão. Esses, em sua maioria, são recém-contratados e terão suas carreiras truncadas e sem acesso a financiamentos.

Para Janete, os atuais docentes estão formando em seus alunos um novo ethos, em que é valorizado o individualismo, ocultada a dimensão da coletividade e naturalizada a velocidade e a produtividade.

Há, também, um assédio moral subliminar muito forte, que ocorre, principalmente, quando o docente não consegue publicar um artigo, ou quando seus orientandos atrasam na conclusão do curso. “Com isso, estamos nos aproximando de profissões que trabalham no limite do estresse, como os médicos e motoristas”, afirmou.

O resultado é que os docentes estão consumindo mais álcool, tonificantes e drogas e estão propensos à depressão e ao suicídio. “É um quadro parecido com a Síndrome de Burnout, em que a pessoa se consome pelo trabalho. Ocorre como uma reação a fontes de estresses ocupacionais contínuas, que se acumulam”, explicou Janete Leite.

O problema, segundo ela, é que as pessoas acham que seu problema é individual, quando é coletivo, além de terem vergonha de procurar o serviço médico. “Com isso, elas vão entrando em suas conchas, temendo demonstrar fragilidades”.

Como forma de mensurar o nível de estresse dos docentes, a pesquisadora da UFRJ começou a fazer uma pesquisa nesse campo. Junto com um grupo de aluno, ela entrevista professores dispostos a falar de seus problemas.

“A primeira constatação que fiz é que as pessoas estão ansiosas para falar sobre seus problemas. Nossas entrevistas não duram menos do que uma hora e meia”, contou.

Já foi possível concluir que a atual realidade tem provocado sintomas psicopatológicos, como depressão e irritabilidade; psicosomáticos, como hipertensão arterial, ataques de asma, úlceras estomacais, enxaquecas e perda de equilíbrio; e sintomas comportamentais, como reações agressivas, transtornos alimentares, aumento de consumo de álcool e tabaco, disfunção sexual e isolamento.

Tudo isso, para Janete Leite, decorre da pressão atualmente feita sobre o docente. “O nosso final de semana desapareceu, pois temos de dar conta do que não conseguimos na semana, como responder e-mails de orientandos, ou escrever artigos”, afirmou.

Para ela, é preciso que haja uma reação dos docentes a esse processo. “Caso contrário, seremos uma geração que já está com a obsolescência programada”, previu.

Veja mais:

Apresentação Maria Ciavatta

Apresentação Janete Leite

Diversidade para inovar

Folha de S. Paulo – TENDÊNCIAS/DEBATES

Berthier Ribeiro-Neto

Poucas mulheres atuam em áreas como ciências da computação. O problema é real para a produtividade: equipes mistas têm melhores resultados

A força criativa das empresas modernas reside, cada vez mais, na soma das habilidades dos indivíduos que nelas trabalham.

A diversidade de ideias, culturas e experiências de vida que nos diferenciam uns dos outros constitui elemento essencial para a geração de produtos e tecnologias que antecipam as necessidades dos usuários, alteram paradigmas, e consequentemente alteraram o comportamento das pessoas. Isso é importante porque somente há inovação quando há alteração de comportamento.

Para criar um ambiente com diversidade de ideias e culturas, é preciso contratar pessoas com formação variada, com diferentes matizes raciais e religiosas, com boa proporção de homens e mulheres.

Conquanto pareça desnecessário frisar diversidade de sexo no início do século 21, há áreas do conhecimento, como as engenharias e as ciências da computação, em que a proporção de mulheres é baixa ou muito baixa, podendo chegar a frações inferiores a 5%.

O problema é real e de relevância para aumento da produtividade e criatividade ao largo, dado que equipes compostas por homens e mulheres produzem melhores resultados do que equipes compostas exclusivamente por homens.

Um estudo sobre registros de patentes ao longo de 25 anos (1980-2005) realizado pelo Centro Nacional para as Mulheres e Tecnologia da Informação, dos Estados Unidos, concluiu que equipes mistas produziram de 26% a 42% mais registros do que equipes compostas exclusivamente por homens.

O problema é particularmente agudo na área de ciência da computação, no qual as mulheres representam apenas 20% da força de trabalho –enquanto são 59% da força de trabalho profissional do Brasil, de acordo com pesquisas do Google.

Desde 2001, a participação feminina nos cursos de ciência da computação no país, uma área fundamental nos tempos de inovação digital, caiu de 30% para meros 15%. O futuro de curto prazo promete menos mulheres num mercado já dominado pelos homens.

Há várias razões para o fenômeno. É fato que há um certo preconceito social com as engenharias em geral como uma área boa para os homens, mas difícil para as mulheres. Como resultado, logo no início do segundo grau, quando os jovens começam a pensar no curso que farão na universidade, as mulheres são estimuladas a considerarem em primeiro plano as ciências humanas e biológicas, com ênfase maior para os cursos de medicina e direito.

Mudar um tal estado de coisas requer reinventar a imagem das engenharias e das ciências da computação no imaginário popular. Um passo inicial importante é divulgar a presença de mulheres de sucesso nas engenharias e nas empresas de alta tecnologia, como modelos inspiracionais para os jovens. Outro é estimular a contratação de mulheres nas engenharias.

Como país que entende o poder da inovação na geração do crescimento econômico sustentável, precisamos estimular uma nova geração de mulheres apaixonadas pela matemática, física, ou química que, no momento de escolha da profissão, sejam capazes de sonhar com um futuro brilhante nas empresas modernas de engenharia e tecnologias de informação.

BERTHIER RIBEIRO-NETO, 53, é diretor de engenharia do Google para a América Latina